domingo, 24 de maio de 2009

Angústia

“O que diz teu olhar?
Aonde a negritude de teus olhos quer me levar?
Leve-me, pois já não há tempo.
Hesite, apenas, não viver.
A vida, e não a morte, é que não tem limites.
Vive-se aqui o que se quereria fazer
Se houvesse oportunidades.
Ei-las à tua frente.”

“Passa dia, passa hora, passa minuto.
Quem oculta o amor tem culpa
Por evitar que se deslumbre os sóis,
Por evitar que se desfaça a insólita vertigem
Que traz a solidão.

Deixe de demora,
Abra-se, mostre quem és!
Não percebes o tempo que passou,
A dor que se comprimiu – mas que não
Deixou de existir?
A porta que abriste em meu coração
Permanece como deixaste da última vez que entraste.
Dia e noite,
Madrugadas e tardes,
Senti teu cheiro
Inebriada pelas lembranças de dias e dias atrás
Mas que pareciam ter sido de ontem.
Tudo permaneceu multicolor e congelado,
Nitidamente, vejo-o como da primeira vez.
E eu não te amo.
Pelo menos, sempre acreditei que não.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário