quinta-feira, 28 de maio de 2009

Poly. Greg.

Lembrei hoje de um dia que voltei do pátio mais cedo e vi um casal meio que excêntrico sentado no corredor da minha turma. Havia uma magia singular entre eles. De um lado, o bom estilo e a inteligência personificados numa figura feminina e singela; do outro, um rapaz obstinado e reservado que se desfazia num feição platônica e apaixonada. Quase ninguém sabia que por detrás daqueles dois indivíduos havia um só coração, que batia mais forte quando se uniam para botar as conversas em dia. Cada passo dado meu testemunhava um "tum tum" mais forte e mais firme...
Passou-se o tempo e as cenas repetidas às dez da manhã dos dias úteis também se passaram. Contudo, permanece naquele passadiço de azulejo desbotado, uma atmosfera de carinho e afeto; onde até o vento conspira a favor daquele romance sutil. E o som das batidas que abasteciam aqueles encontros continua - sendo ouvido apenas pelos que conheciam a cumplicidade que os dois jovens haviam pregado naquele concreto cooperante.

domingo, 24 de maio de 2009

Angústia

“O que diz teu olhar?
Aonde a negritude de teus olhos quer me levar?
Leve-me, pois já não há tempo.
Hesite, apenas, não viver.
A vida, e não a morte, é que não tem limites.
Vive-se aqui o que se quereria fazer
Se houvesse oportunidades.
Ei-las à tua frente.”

“Passa dia, passa hora, passa minuto.
Quem oculta o amor tem culpa
Por evitar que se deslumbre os sóis,
Por evitar que se desfaça a insólita vertigem
Que traz a solidão.

Deixe de demora,
Abra-se, mostre quem és!
Não percebes o tempo que passou,
A dor que se comprimiu – mas que não
Deixou de existir?
A porta que abriste em meu coração
Permanece como deixaste da última vez que entraste.
Dia e noite,
Madrugadas e tardes,
Senti teu cheiro
Inebriada pelas lembranças de dias e dias atrás
Mas que pareciam ter sido de ontem.
Tudo permaneceu multicolor e congelado,
Nitidamente, vejo-o como da primeira vez.
E eu não te amo.
Pelo menos, sempre acreditei que não.”

I tried.

“Haverá de ser uma sede insaciável,
Uma busca incansável,
Uma fome sempre alimentada.
Como não se pode ser;
Eu tentei tornar tudo possível.

‘Um erro assim tão vulgar’...”

DER TRAÜME IST SÜSS

Saudade do que não aconteceu.
Saudade da dor que doeu e se recolheu.
Saudade do medo que temeu.
Saudade da esperança que um dia se desvaneceu.
Saudade do olhar que castanho é,
Das olhadelas, do sorriso soslaio,
Da pele ‘branca como o mármore’,
‘Fria como o gelo’.
Saudade do calor do corpo que não senti, das palavras proferidas que nada diziam no tudo.
E das mãos e dedos longos que sonhei entrelaçar.
“Sister golden hair”.

Nada tão “reconfortante” quanto o afago sonhado,
O abraço não dado,
As frases não ditas,
As notas não ouvidas.
Que falta faz o desejo pujante de conhecer o I interior.
A alma dissonante,
O coração harmônico,
As cordas afinadas de sua verdadeira voz.
Vontade de possuir os tons
E a melodia que vibram aqui dentro, mas que de mim
Não fazem parte.

Essa canção que sustenta e guia,
Alimenta, e toca; é concreta,
É tocável, palpável.
Sussurros na madrugada
São os ecos da distância que nos separa.
Ou, talvez, que nos une.
Não estou ao seu lado,
Mas em devaneios,
Divagações,
Pensamentos,
Tudo se dissipa.
Eis o olhar eterno,
O toque das mãos,
A candura que transmite
Sua presença.
Saudade. Mas, agora, tudo é tarde.

Ao menos as lembranças,
A vontade de ver a fita vermelha...
Chocolate ao leite.

Sudetos, Mark Knopfler, Yvaine e Tristan, Gonçalves Dias, Química, Física, Matemática, Telefone, Desculpas, Entrelinhas, Coração aos pulos, Biblioteca,  Tristão e Isolda, “Ein ganzer summer”, Fernando Pessoa, Palio. Poesia parnasiana, Simbolista, Árcade, Realista... Uma miscelânea; Malabarismos românticos. Estrelas e Lua. A frustração de não tê-las vivido, O ódio por não tê-las entendido, Mas a razão de tê-las ouvido. Agora, bilaquiando. É doce o sonho.